Eu estava terminando uns slides para a palestra de logo mais (na jornada carioca de urologia), onde irei mais uma vez falar sobre a atuação da fisioterapia no vaginismo, quando o meu telefone toca e avisa de um novo email na caixa de entrada...
Li um e-mail super emocionante e acredito que seja inspirador para todas vocês!!!
Agradeço a minha querida paciente que teve alta há poucos dias e tão logo já me enviou a sua colaboração para o blog. Obrigada querida! Te desejo toda felicidade do mundo!

"Nunca pensei que estaria escrevendo um depoimento para o blog na qual foi o meu início. Como a maioria das mulheres vagínicas, achava que ninguém me entendia, que o meu caso era mais grave que o das outras, que não seria assim tão tranquilo nem tão rápido (apenas 10 sessões). Na verdade, nem acreditava mais em cura para mim.Tenho 21 anos e tive minha primeira relação sexual com muita dor e ardência. Depois de 1 ano e meio, após algumas outras tentativas sem sucesso, eu estava cada vez mais frustrada, triste e perdida. Não entrava nada: nem absorvente interno, nem cotonete, nem vento! Minhas amigas diziam que isso ia passar, minha mãe me recriminava e os médicos diziam que era apenas uma questão de relaxar. A cada pessoa bacana que eu conhecia, tinha que explicar que talvez eu não conseguiria transar, e isso era um constrangimento muito doloroso. Uma vez, ouvi coisas tão horríveis por não ter conseguido penetração, que prometi a mim mesma não tentar nunca mais. Me sentia menos feminina, menos mulher, "deficiente sexual". Em junho, conheci o meu namorado em uma viagem de faculdade. Apesar de ter me apaixonado a primeira vista e hoje, saber que ele é o homem da minha vida, fugi de um envolvimento sexual o quanto pude, até que tomei coragem e expus minha situação. Ele me aceitou... e eu decidi que o meu problema não podia continuar nem mais um dia, que eu merecia curtir um sexo completo e tranquilo. Foi aí que eu tive forças para voltar a uma ginecologista e me foi dado o diagnóstico: vaginismo. Mas ela falou com tanto descaso, que até parecia um diagnóstico de virose! Disse que eu só precisava relaxar, que tudo correria bem. Ainda no dia, fiz o exame preventivo e morri de dor.. quando consegui me recompor do sofrimento, pensei: CHEGA! Passei a pesquisar exaustivamente por matérias sobre vaginismo na internet, até achar o blog "Vaginismo e Fisioterapia", da dra. Fernanda Pacheco. Já na avaliação, tudo foi explicado detalhadamente por ela e ouvi a frase mágica: "100% das minhas pacientes alcançaram a cura".
Ainda desconfiando que eu seria capaz - mas com muita força de vontade - prestei atenção em cada instrução da fisioterapia, cada resposta que meu corpo dava, e relatava tudo para a Fernanda. As sessões eram leves e descontraídas, nem parecia que eu estava com dilatadores "lá embaixo"! hahaha. Porém, com duas semanas de tratamento minha mãe faleceu, com quatro semanas meu namorado viajou para terminar o doutorado dele na Inglaterra e na nona semana, meu pai sofreu um infarte. Não deixei de treinar um só dia! Foi aí que eu percebi o quanto o vaginismo me bloqueava de mil maneiras e o quanto estava disposta a retomar minha auto estima. A recompensa veio ontem: recebi alta! Musculatura exatamente como deve ser!
Meu namorado foi fundamental nesse tempo. Longe ou perto, ele sempre estava interessado, comemorando a cada evolução do tamanho dos meus dilatadores e sempre fazia piadas saudáveis para aliviar minha tensão. Mas principalmente, agradeço a dra. Fernanda pela amizade, pela paciência, pelas dicas, ensinamentos, conversas, histórias. Por ter me incentivado durante esses 2 meses e 6 semanas a me tornar uma mulher segura, confiante, tranquila e conhecedora do meu corpo, e isso não tem preço. Espero que Deus lhe abençõe e lhe dê em dobro toda a alegria e entusiasmo que estou sentindo e tantas mulheres também sentem. Vagínicas, acreditem em si mesmas. Essa disfunção tem cura, dêem um presente à saúde de vocês! Beijos!"